A recente condenação da Hapvida Assistência Médica Ltda por limitar o tratamento para crianças autistas está gerando repercussão e preocupação no cenário de saúde. A determinação, mantida pelo desembargador Ibanez Monteiro do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), reafirma a obrigação da operadora em fornecer um tratamento completo e multidisciplinar para pacientes diagnosticados com autismo, incluindo serviços de neurologia infantil, psicologia especializada em terapia comportamental, fonoaudiologia para o desenvolvimento da linguagem e terapia ocupacional.
A disputa entre a Hapvida e a legislação de saúde se acentua com a alegação da empresa de que as quantidades máximas de sessões determinadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) devem ser respeitadas, mesmo diante da necessidade de um tratamento mais amplo e personalizado para crianças autistas.
No entanto, a decisão judicial enfatizou que a Lei 12.764/2012, que estabelece a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, garante o direito ao atendimento multiprofissional, deixando claro que as limitações impostas pela Hapvida são uma violação direta aos direitos de saúde e ao contrato de prestação de serviços.
Além da batalha judicial, denúncias de familiares de crianças autistas revelam um cenário preocupante de despreparo e falta de estrutura por parte da Hapvida para lidar com esse público tão sensível e que requer cuidados especializados. O descumprimento de decisões judiciais, o não fornecimento adequado de profissionais qualificados e a falta de estrutura necessária são algumas das reclamações levantadas durante uma reunião com o deputado estadual Wilker Barreto.
A situação levanta questionamentos sobre a responsabilidade das operadoras de saúde em garantir um atendimento de qualidade e respeitar os direitos dos pacientes, especialmente aqueles com necessidades especiais como o autismo. As medidas anunciadas pelo deputado visam pressionar a Hapvida e os órgãos fiscalizadores a agirem de forma mais assertiva para solucionar essa questão que afeta diretamente mais de 1.200 crianças autistas e suas famílias.
Poder Judiciário enganado por Plano de Saúde
Em outro caso em Goiás Coordenadoira do Hapvida chegou a ser presa segundo o G1 (Globo)
Coordenadora de plano de saúde suspeita de negar atendimento a autistas é solta
A coordenadora do plano de saúde Hapvida suspeita de negar e dificultar atendimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi solta pela Justiça. Ela, que tem 45 anos, foi presa no último dia 31 e passou por audiência de custódia na quarta-feira (1º), ocasião em que a Justiça concedeu liberdade provisória à suspeita e estipulou uma fiança de R$ 1,3 mil, que foi paga pela mulher. As informações são da TV Anhanguera.
Por não ter tido o nome divulgado, a reportagem não conseguiu localizar a defesa da suspeita até a última atualização desta reportagem.
Em nota, o Hapvida afirmou que atualmente há seis clínicas para atendimento de crianças com TEA em Goiânia e que, “está prestando toda assistência necessária à profissional e está à disposição das famílias para quaisquer esclarecimentos e dúvidas” (veja nota na íntegra ao final da matéria).
Diretora de plano de saúde presa suspeita de negar atendimento a crianças autistas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
De acordo com a decisão, a coordenadora do plano precisa se apresentar à Justiça todo mês e não pode se mudar e nem sair de Goiânia sem avisar as autoridades.
A coordenadora do Hapvida foi presa em flagrante em Goiânia, após denúncias de que a unidade teria deixado de prestar assistência médica para pessoas com autismo.
A polícia investiga denúncia de que 68 crianças podem ter ficado sem atendimento. A prisão ocorreu durante a visita do delegado Humberto Teófilo, responsável pelo caso, na unidade situada no Setor Bueno. À reportagem, o delegado afirmou que a mãe de uma criança de 5 anos relatou à polícia que a filha estava regredindo no tratamento, até perdendo a fala, por falta de atendimento.
Teófilo justificou que a prisão foi baseada em uma Lei Federal nº 7.853/89, que determina crime a quem deixar de prestar assistência médica hospitalar e ambulatorial à pessoa com deficiência.
À reportagem, a Hapvida informou que não houve recusa no atendimento procurado pela mãe da criança e que ela já é assistida por psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Segundo a empresa, já constam em sistema mais de 30 sessões agendadas com uma equipe multidisciplinar para essa paciente até novembro.
Íntegra da Nota da Hapvida
“O compromisso da empresa é sempre prestar o melhor atendimento a todos os clientes e não mede esforços para garantir qualidade no cuidado às crianças da rede com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A companhia informa que não houve recusa no atendimento procurado pela mãe da criança, que já é assistida por psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.
Ao todo, até o final de novembro, somente para o caso em questão, já constam, em sistema, mais de 30 sessões agendadas com uma equipe multidisciplinar.
A empresa reforça que, atualmente, são seis clínicas para atendimento de crianças com TEA em Goiânia, assim como disponibiliza unidades para este tipo de atendimento em outras regiões do Brasil.
A companhia complementa que está prestando toda assistência necessária à profissional e está à disposição das famílias para quaisquer esclarecimentos e dúvidas. Por fim, segue empenhada em oferecer a melhor assistência aos seus clientes, com revisão e fortalecimento constante de seus processos. Salientamos que os advogados presentes foram contratados para apoiar juridicamente a colaboradora em questão, mas não são representantes do posicionamento oficial da empresa.”