Homem que agrediu mulher por achar que ela era trans é preso

 

O indivíduo suspeito de agredir uma mulher de 34 anos, acreditando equivocadamente que ela fosse transsexual, foi detido na tarde desta quinta-feira (28). A prisão de Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá ocorreu após seu depoimento na Delegacia de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife.

O mandado de prisão foi emitido com base na Lei do Racismo, seguindo uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconhece atos de homofobia e transfobia como crimes de injúria racial. O delegado Diogo Bem, responsável pelo caso, informou que o suspeito chegou à delegacia às 15h30 e prestou declarações por aproximadamente uma hora e meia. Antônio Fellipe será encaminhado ainda hoje para a Central de Plantões.

Está prevista para amanhã (29) uma audiência de custódia, seguida pela transferência para o Cotel (Centro de Observação e Triagem em Abreu e Lima), localizado no Grande Recife.

O advogado de defesa, Madson Aquino, ao deixar a delegacia, afirmou que já estava ciente da possibilidade da prisão. Segundo ele, Antônio Fellipe compareceu voluntariamente à delegacia para prestar esclarecimentos. "Viemos, o apresentamos. O mandado de prisão foi cumprido hoje. Ele ficará à disposição da Justiça e a defesa tomará as medidas cabíveis para o caso", disse o advogado. Ele também mencionou que a esposa do suspeito foi ouvida pela polícia.

Fenelon Pinheiro, vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, que acompanhou o depoimento, ressaltou a possibilidade de múltiplas acusações contra o suspeito. "São vários crimes. Ele cometeu lesão corporal. Mesmo sendo uma mulher cis, foi um ato de homofobia. Defendemos que ele seja responsabilizado por esse crime, independentemente de saber ou não se a vítima era trans. O importante é a motivação por trás do ato", explicou Pinheiro em entrevista ao G1, logo após a prisão de Antônio Fellipe. Ele ainda afirmou que denúncias anteriores contra o suspeito também foram consideradas na decisão de emitir o mandado de prisão. "Ele já tem um histórico de agressões contra mulheres, de violações. Inclusive, estava sob medida protetiva, respondendo por isso", acrescentou.

Veja no vídeo abaixo imagens da confusão após a agressão:

Detalhes do incidente e desdobramentos

Segundo informações, o episódio teve início quando a esposa do agressor relatou a presença de uma "mulher trans" no banheiro do restaurante Guaiamum Gigante ao marido. O homem, acompanhado da esposa e de um primo, aguardou na porta do banheiro até a saída da mulher.

Ele indagou à vítima sobre seu gênero. Diante do questionamento, o agressor alegou que ela estava no "banheiro errado" e desferiu um soco no rosto da mulher, conforme relatou Hilário Júnior, amigo da vítima. O golpe foi tão violento que quebrou os óculos dela.

Registros em vídeo mostram o suspeito sendo contido por clientes e funcionários do restaurante após os gritos da vítima.

Ao perceberem que ela não era uma mulher trans, o restaurante tentou resolver a situação. Segundo o amigo da vítima, a preocupação principal era evitar impactos no movimento do estabelecimento às vésperas do Natal.

Após ser retirado do local pelos seguranças do restaurante, Salmento de Sá fugiu, segundo a advogada e o amigo da vítima, contrariando a versão do restaurante, que alega ter assegurado a retirada imediata do agressor para preservar a integridade física e emocional da vítima e demais clientes.

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