A Polícia Civil de Pernambuco confirmou que uma ex-mulher do agressor o identificou, consolidando a denúncia contra Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá. Segundo a instituição, a mulher reconheceu o agressor como seu ex-companheiro e será ouvida no âmbito das diligências do inquérito, conforme divulgado em nota oficial.
Três ex-parceiras procuraram a vítima, todas reconhecendo Salmento de Sá como o agressor. A advogada Juliana Serretti, que assessora a Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação da Assembleia Legislativa de Pernambuco, afirmou ao UOL que, devido à consistência dos relatos, as informações foram encaminhadas às autoridades. Uma das ex-mulheres teria registrado um boletim de ocorrência contra ele, citando uma tentativa de atirar nela e destacando o histórico de violência contra mulheres.
Juliana Serretti, representante legal, busca que o caso seja tratado como transfobia, embora a vítima seja cisgênero. A agressão teria sido motivada pela crença de Salmento de Sá de que uma mulher trans estava utilizando um banheiro feminino.
"Transfobia é um crime imprescritível e inafiançável. Somando as penas de transfobia e lesão corporal, o agressor perde o direito de trocar a prisão por pena alternativa", afirmou a advogada.
A defensora formalizou o pedido ao delegado Diogo Bem, que se comprometeu a considerar todos os elementos do caso e a explorar todas as possíveis linhas de investigação. "Ainda que ela seja uma mulher cis, ele praticou ato de discriminação", destacou Serretti.
Por sua vez, o homem suspeito de transfobia e lesão corporal contra a mulher agredida se manifestou por meio de seus advogados, assegurando estar à disposição da justiça para esclarecer os fatos e colaborar voluntariamente com as investigações, segundo nota veiculada nas redes sociais.
A nota divulgada não aborda o motivo das agressões, nega que Salmento de Sá tenha fugido da polícia e refuta os históricos de agressão contra ex-companheiras. Alega que uma intimação foi recebida para comparecimento à delegacia no dia seguinte, mas não explica a ausência do suspeito.
O incidente ocorreu na noite de sábado, 23 de dezembro, quando a vítima, ao sair do banheiro feminino do restaurante Guaiamum Gigante, no bairro de Parnamirim, Zona Norte do Recife, foi agredida por Antônio após ser questionada sobre seu gênero.
Veja no vídeo abaixo imagens da confusão após a agressão:
Detalhes do incidente e desdobramentos
Segundo informações, o episódio teve início quando a esposa do agressor relatou a presença de uma "mulher trans" no banheiro do restaurante Guaiamum Gigante ao marido. O homem, acompanhado da esposa e de um primo, aguardou na porta do banheiro até a saída da mulher.
Ele indagou à vítima sobre seu gênero. Diante do questionamento, o agressor alegou que ela estava no "banheiro errado" e desferiu um soco no rosto da mulher, conforme relatou Hilário Júnior, amigo da vítima. O golpe foi tão violento que quebrou os óculos dela.
Registros em vídeo mostram o suspeito sendo contido por clientes e funcionários do restaurante após os gritos da vítima.
Ao perceberem que ela não era uma mulher trans, o restaurante tentou resolver a situação. Segundo o amigo da vítima, a preocupação principal era evitar impactos no movimento do estabelecimento às vésperas do Natal.
Após ser retirado do local pelos seguranças do restaurante, Salmento de Sá fugiu, segundo a advogada e o amigo da vítima, contrariando a versão do restaurante, que alega ter assegurado a retirada imediata do agressor para preservar a integridade física e emocional da vítima e demais clientes.